Política
Ida de Eduardo aos EUA desencadeou tornozeleira em Bolsonaro: veja linha do tempo da crise
Abertura
A decisão de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, de impor o uso de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro surge em meio a uma complexa sequência de eventos políticos. Estes envolveram seu filho, Eduardo Bolsonaro, e figuras da extrema-direita americana, culminando em tensões diplomáticas destacadas por sanções e acusações de tentativa de obstrução da Justiça no Brasil. A situação se desenrolou desde março, com a ida de Eduardo aos Estados Unidos, agitando o cenário político entre Brasília e Washington.
Eduardo Bolsonaro e as articulações nos EUA
Em março de 2025, Eduardo Bolsonaro se mudou para os Estados Unidos, alegando “projetos pessoais”. Contudo, a viagem despertou o interesse de investigadores e do Judiciário brasileiro, abrindo caminho para articulações com a extrema-direita americana. Nos dias que se seguiram, republicanos americanos enviaram uma carta ao presidente Joe Biden, pressionando por sanções contra Alexandre de Moraes, baseadas na Lei Magnitsky—a qual permite que os EUA punam violadores de direitos humanos no exterior. A influência americana sobre questões internas do Brasil, particularmente impulsionada por figuras como Donald Trump, exacerbou a tensão.
Investigações e tensões diplomáticas
Nos meses seguintes, Jair Bolsonaro afirmou ter enviado cerca de R$ 2 milhões para o filho, em um gesto que levantou suspeitas de movimentações financeiras não declaradas. Ao mesmo tempo, Trump publicou mensagens nas redes sociais defendendo Bolsonaro, descrevendo as investigações como uma “caça às bruxas”. Este apoio recebeu ainda mais força quando, em julho, aumentou as tarifas sobre produtos brasileiros, ato visto como pressão sobre o Estado brasileiro. Além disso, encontros de Jair Bolsonaro com conselheiros do Departamento de Estado dos EUA foram interpretados como um esforço coordenado para influenciar o Judiciário brasileiro.
Decisão de Moraes e suas consequências
O ponto culminante ocorreu em julho, quando Moraes, reagindo às pressões e considerando as ações como uma “ousadia criminosa”, impôs a tornozeleira eletrônica a Bolsonaro. A medida faz parte de uma estratégia mais ampla do STF para lidar com o que consideram ser tentativas de extorsão e obstrução de justiça. Após a decisão, Bolsonaro ajustou sua rotina, capturando a atenção pública em vídeos publicados, nos quais teve de interromper declarações para resolver questões relacionadas à sua nova condição de monitoramento.
Contexto e Repercussões
A figura de Alexandre de Moraes, desde sua nomeação pelo presidente Michel Temer em 2017, tem sido central em disputas políticas no Brasil. Críticas ao seu estilo combativo nas investigações e medidas judiciais sustentam que ele age de forma autoritária, embora seus defensores afirmem que suas ações são em prol da preservação da democracia brasileira. Esta última decisão de Moraes continuará a alimentar debates sobre a legalidade e a eficácia de tais medidas judicializares em um cenário político cada vez mais polarizado.
Ao observarmos o desenrolar desta trama complexa, a imposição da tornozeleira a Bolsonaro não é um fato isolado, mas sim um reflexo das intrincadas articulações políticas e tentativas de influência mútua entre Brasil e Estados Unidos. A situação continua a evoluir, prometendo mais desdobramentos tanto no cenário interno quanto nas relações internacionais do Brasil.