Religião

Arautos do Evangelho: Denúncias e Abuso

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Há muitas situações em que ocorrem abusos, que podem ser físicos, morais, emocionais e até espirituais. E, é óbvio que os abusos devem ser denunciados. O que poucos se dão conta é que há situações em que a denúncia é o próprio abuso.

Muitas vezes, dentro de uma instituição, encontra-se um elemento humano que foge às regras do local e, de forma geralmente oculta e velada, acaba por praticar alguma forma de abuso, que deve ser denunciado e apurado para que sejam tomadas as medidas cabíveis e aplicadas as devidas punições e afastamentos.

Sem essa ordenação, está posta em risco a integridade moral das próprias instituições.

Há casos, porém, que algum descontentamento, sentimento de perseguição ou frustração acabam por levar uma pessoa a atirar a esmo, fazendo denúncias vazias contra instituições como um todo.

O fato de, por exemplo, haver padres que escandalizam com seu mau comportamento, não significa que toda a Igreja seja ruim.

Portanto, denúncias genéricas, que não se dirigem a ninguém e a nenhuma situação específica não visam buscar a punição do culpado de atos maus, mas, sim, difamar e desacreditar instituições.

Eles, nunca, sempre

Uma forma de reconhecer uma denúncia que, por si, constitui um abuso e está pautada mais em sentimentos de inveja, vingança e desejo de causar dano e prejuízo é o uso de alguns termos como “eles”, “nunca” e “sempre”.

Eles agem assim”, “Eles praticam tais atos”. Mas, quem é esse “eles”? Um sujeito indefinido, uma tentativa de atingir a todos sem se dirigir a ninguém específico. Foi exatamente assim a tentativa de atacar os Arautos do Evangelho ocorrida no ano de 2019. 

Denúncias genéricas de racismo, alienação parental, maus tratos, tortura física e psicológica e até abuso sexual.

As fantasiosas denúncias não foram feitas por uma pessoa, mas por um pequeno grupo que se uniu em torno do propósito de manchar a honra da instituição e passou a disseminar boatos e acusações inespecíficas e contou com o apoio de uma ala da mídia interessada em sensacionalismo.

Não houve uma só dessas pessoas que dissesse: “Eu sofri esse tipo de abuso, praticado por tal Arauto, um x número de vezes em tais e tais circunstâncias”. Não, em vez disso era apenas: “Eles afastam os filhos dos pais. Eles causam abalo psicológico nas pessoas, as fazem rezar demais, cumprir horários e disciplinas etc”.

Outra característica das acusações sem fundamento é o uso dos advérbios de tempo “nunca” e “sempre”: “Eles nunca permitem tal coisa” ou “Eles sempre agem de tal maneira”.

Foram exatamente assim as denúncias feitas aos Arautos do Evangelho, em 2019, em um programa de televisão que deu voz aos acusadores que nunca apresentaram qualquer tipo de prova ou evidência de que tais coisas tivessem, de fato, acontecido.

A justiça daqui e a Justiça de lá

Por terem a verdade a seu favor, os Arautos procuraram o direito de responder e esclarecer as denúncias apresentadas em horário nobre, mas tiveram um atendimento parcial e tendencioso. 

Disseram a verdade, apresentaram dados, reuniram familiares e pessoas que os apoiavam, mas o repórter não se interessou em ouvi-las, criando uma situação, no mínimo, estranha, deixando claro o objetivo de ter audiência ao mostrar  pessoas com voz alterada e rosto oculto pelas sombras e evitando entrevistar com imparcialidade aquelas que falavam seus nomes, mostravam seus rostos e apresentavam situações concretas.

O caso foi investigado pelo Ministério Público de São Paulo, nas formas da Lei, até os processos serem concluídos e extintos, diante das contradições dos acusadores, incoerência e insustentabilidade das denúncias e pela falta de materialidade e de provas concretas que confirmassem as histórias inventadas.

Os autores das denúncias confiaram na justiça da terra para dar voz aos seus delírios persecutórios e demandas sem conteúdo, e essa própria justiça encerrou o caso por constatar que não havia caso, não havia aonde chegar.

Os Arautos, por sua vez, embora abalados e experimentando um gládio de dor pelo comportamento inexplicável de indivíduos que estiveram em seu meio, viveram em suas casas, rezaram em sua companhia ou familiares que retiraram seus filhos à revelia deles, não acusaram de volta, nem fizeram retaliações, apenas abriram suas portas e exibiram sua vida e sua privacidade, que sempre foi a mesma, confiando tanto na justiça daqui quanto na Justiça de lá, e ambas se fizeram sentir.

O caso da Escola Base

Ocorrências como essas são pedras que ferem e podem quebrar vidraças ou deixar arranhões, mas em alguns casos, podem funcionar como uma bomba, destruindo a reputação de pessoas de bem e abalando estruturas sólidas que sucumbem ante a ação do mal.

Houve um caso marcante, em 1994, que “resultou no linchamento de quatro indivíduos inocentes, na depredação de propriedade privada e em sequelas para todos os envolvidos, desde os acusados até os encarregados da apuração”. 

“O episódio consta na acusação de dois casais donos da Escola de Educação Infantil Base, Paula e Maurício Alvarenga e Aparecida e Icushiro Shimada. Os donos foram acusados de abusar sexualmente de dois alunos da creche a partir de um laudo do IML (que depois descobriu-se que era incorreto) que comprova o abuso. A escola foi depredada e os casais foram ameaçados e tiveram suas carreiras destruídas. Após meses de matérias jornalísticas que tratavam os acusados como culpados, mesmo sem nenhuma confirmação de abuso por parte da polícia, foi-se [sic] comprovada a inocência dos donos da escola.”

O que se fazer depois do estrago feito, da destruição consumada? Como restaurar vidas que foram destruídas?

Infelizmente, a história se repete. Muitos casos de abusos acontecem e são ignorados ou encobertos e a própria mídia não dá importância a eles pelo fato da pouca representatividade das pessoas envolvidas, o que “não dá ibope”, ou seja, não dá audiência.

Condução da opinião pública

No entanto, quando se trata de uma instituição de peso, como os Arautos do Evangelho e, ainda mais, por se tratar de membros da Igreja Católica, tão perseguida por diferentes ideologias, o assunto é um prato quente e a apuração dos fatos de maneira isenta e verídica é relegada a último plano. O que importa é informar, mesmo que, para isso, seja preciso deformar a verdade.

De acordo com o estudo feito por Sâmia Silva, “por vezes, crimes (ou supostos crimes) cometidos na sociedade são fortemente expostos pela mídia tradicional, fazendo com que a sociedade seja atraída a opinar, acompanhar e, até mesmo, julgar, ainda que não tenha competência para tal finalidade social. 

A comoção é um dos ingredientes da história contada que revela o interesse do público. Sendo assim, na maioria das vezes, é comum um pré-julgamento condenatório, além de notícias capciosas ou com fins específicos, que venham a contribuir para sociedade realizar um julgamento, com atribuição de culpa antes mesmo do Poder Judiciário se manifestar dentro dos meios, vias e processos legais”.

Felizmente, em alguns casos, a verdade prevalece, mas impressões equivocadas podem permanecer por muito tempo, manchando a honra e a reputação dos que foram injustamente acusados.

No caso dos Arautos do Evangelho, a gama de coisas boas era grande o suficiente para que as pessoas compreendessem o que houve e rechaçassem as mal-intencionadas invenções. 

Porém, o fogo fátuo levantado pela tentativa de condenação por parte dos detratores, brilhou o suficiente para levar alguns a considerar que os Arautos sequer fossem católicos, uma risível ironia, pois o grupo é um dos maiores defensores da Santa Igreja, a cujo seio pertencem, e do papado, que sempre veneraram.

E o mais lamentável desse episódio talvez seja o fato de que aqueles que articularam as denúncias e alguns processos contra os Arautos sejam familiares de ex-membros do grupo, que retiraram dele os seus filhos, contra a vontade deles, interferindo em suas vocações. 

É provável que, diante do sofrimento de seus filhos, por terem sido impedidos de cumprir os planos de Deus para as suas vidas, esses pais preferiram se voltar contra a instituição que os acolheu com amor e respeito, transmitindo-lhes valores morais e espirituais que eles talvez sequer conhecessem.

Uma situação que passou, a verdade prevaleceu e a Igreja saiu vitoriosa, mas quantas vidas e instituições não se perdem em nome dos passageiros picos de audiência de alguns veículos de comunicação?

Santiago Sá

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